style="width: 100%;" data-filename="retriever">
Somos pessoas inconsequentes, portanto a sociedade que formamos igualmente o é - inconsequente. Começamos pelo trânsito. A inconsequência não é privilégio de motoristas ou de pedestres. Poucos minutos na Rua do Acampamento é suficiente para vermos pedestres se arriscando em meio aos ônibus, carros e motocicletas que ziguezagueiam entre todos.
Lembram do gradil instalado na Floriano Peixoto com o Calçadão? A intenção era direcionar o pedestre para a faixa de segurança em frente ao shopping. A redução de riscos não foi compreendida. Os pedestres contornavam a grade e atravessavam a rua. Tempos depois, o gradil foi retirado priorizando a inconsequência. Podemos olhar a inconsequência em relação à saúde e à alimentação. Uma boa saúde se adquire com bons hábitos: alimentação saudável, exercícios físicos e bons pensamentos. A carga de veneno ingerida só cresce com a liberação do uso de agrotóxicos. A ingestão contínua, mesmo que em pequenas quantidades ao longo da vida, na maioria das vezes, não causa a morte, mas é suficiente para acarretar diversos distúrbios e o surgimento de doenças com múltiplos sintomas.
Muitos agrotóxicos atingem o sistema nervoso, contribuindo para o aumento do número de casos de depressão e outras doenças neurológicas. Muitos são mutagênicos e teratogênicos.
Significa que podem provocar a ocorrência de malformação e de diversos tipos de cânceres. Este modelo de produção serve para enriquecer poucos e adoecer muitos. A inconsequência está amplamente presente na questão ambiental, desde o simples descarte de resíduos à proteção das florestas.
As queimadas dizimam não apenas as árvores, mas a biodiversidade e o solo, destruindo nutrientes essenciais, os quais, depois, necessitam ser repostos por fertilizantes. A qualidade do ar também é alterada com a introdução de toneladas de gases tóxicos. Somos ou não somos uma sociedade inconsequente? Destruímos para depois reconstruir. É bom lembrar que a reconstrução, na maioria das vezes, não recupera as condições originais, muito menos, as ideais. Qualquer atitude pontual terá consequências globais - o Planeta é um sistema. O efeito é dominó, ao derrubar uma peça, a queda das demais é uma questão de tempo. Esta afirmação vale para as queimadas e o desmatamento da Amazônia, no entanto, o governo tenta cobrir com uma cortina de fumaça, o fogo que dizima a floresta.
Trocar a marca da caneta, superlativar data de fotos, esculachar a mulher dos outros, desqualificar autores de denúncias e dados científicos, minimizar os efeitos econômicos, é tirar o foco do problema. As medidas adotadas, além de inconsequentes, têm se mostrado incoerentes. Ao mesmo tempo que fala em soberania, é articulada com os Estados Unidos a exploração da floresta e de áreas indígenas. A inconsequência nos leva a atitudes reativas, ou seja, estamos sempre atuando nos efeitos. Literalmente apagando incêndios, em vez de evitá-los.